Aquela imagem distorcida!

Uma imagem distorcida ou defeituosa da realidade nem sempre é uma contrariedade, as aparências podem ser como o vazio, por vezes existem em simultâneo, tal como com uma experiência, posso imaginá-la, no limite criá-la, mas só saberei se é real após a viver, numa imagem distorcida poderá estar afinal a solução do meu problema, até porque, por vezes, quiçá sempre, a questão não está na imagem, está na afinação da lente, a lente que me acompanha para todo o lado, aquela que determina com clareza se a imagem que vejo está ou não distorcida...!

Um vida sem música...!

Nietzsche disse um dia "Sem música a vida seria um erro" não poderia concordar mais, como erro seria a vida sem conhecer o mundo, ou uma vida inteira sem amor, ou uma vida sem família, sem amizade, tudo isto é tão verdade, é tão curta esta nossa passagem pelo mundo, anteontem tinha 15 anos, ontem os meus filhos eram adolescentes, mas há uma pergunta que será talvez aquela a que me interrogo mais, viver uma vida inteira fazendo o que não se gosta? Viver uma vida inteira apenas para pagar contas? Chegar a um ponto desta nossa passagem, olhar para trás e perguntar, o que andei por aqui a fazer todos estes anos? Não é nostalgia o que sinto, apenas tomei mais um banho de realidade, a realidade, tal como a citação de Nietzsche nunca engana, só se a música for um fiasco...😋

Aqueles fantasmas do passado!

Se algum dia conseguir escapar dos meus fantasmas,será então esse o dia em que finalmente voltarei costas às minhas constantes projeções sobre o futuro, será talvez o dia em que entendo que o relógio apenas me dá o tempo, não o determina, não o controla, muito menos o descobre, os fantasmas são apenas isso, produto fora de prazo, existiram como moeda de troca, dos meus sonhos, logo que passaram de prazo perderam utilidade, melhor então voltar à melodia misteriosa, em que nada se sabe, nada se entende, tudo se questiona, mas que no final tudo se torna simples, tudo se sente, tudo se entende, até porque no princípio não existia tempo, era o presente que existia!

Pudesse eu voar!

Pudesse eu voar e esse seria o meu desígnio preferido, há algo de belo quando vemos o mundo em perspectiva, tudo acaba em modo relativo, os problemas deixam de ser mistério, o desconhecido, esse aparece no horizonte como se o meu olhar o conhecesse desde sempre, cá em cima escolho a nuvem em que quero pernoitar, a nuvem sempre me abre a porta, é da sua natureza, ela suspensa, eu suspenso nela!

A porta que se abre!

A porta que se abre poderá ser aquela que me convida a viver ou continuar apenas a existir, será sempre a minha derradeira opção escolher continuar a fazer coisas ou viver as coisas, o tempo gasto é o mesmo, a energia dispensada é enorme quando apenas as faço, a diferença está quando faço as coisas e me torno humano, aí conheço melhor os meus limites, mesmo aqueles que disfarço fruto da minha ignorância!

Aquela tela em branco!

Duma tela em branco pode surgir uma obra maravilhosa ou o seu contrário, o que mais me toca num criador é a forma como transforma algo vazio num quadro vivo, que comunica connosco, que me dá os bons dias e me deseja bons sonhos, nada é vazio na criação,muitas vezes é mais fácil comunicar com uma obra, com um livro, com uma música do que com um ser humano, porque o que está e ficará para sempre numa obra não é o humano trivial, é a história por detrás da história, aquela que nunca será dada nos compêndios, é aquele lado da história que nos toca, que nos faz estremecer, que nos abana, é a história de quem decidiu viver para dar, não os seus pertences, mas o que não lhe pertence, que lhe foi emprestado, enquanto bem usado...!

Agosto e as ondas do mar!

Há algo fascinante nas ondas do mar, nenhuma igual à anterior, nenhuma igual à próxima, todas cumprem o seu desígnio, são livres em simultâneo seguem a vontade da maré, sabem que a sua liberdade tem um preço, fazem parte da substância do tempo, este não tem principio nem o fim, porque é livre até ao dia em que deixa de o ser🙏