terça-feira, 31 de março de 2015

O fio condutor!




Estamos todos ligados, temos um fio condutor que a todos nos une, a dor dos outros afecta-nos, a alegria dos outros afecta-nos, não é por estarmos longe que não o sentimos, estamos sempre perto, á distancia dum pensamento, dum sentimento, não somos felizes quando fazemos sofrer. O amor jamais morre de forma natural, muitas vezes morre de sede, talvez porque muitas vezes me esqueça de o procurar na fonte. Todos ligados, procurando o lugar certo, a palavra certa, o encontro certo, projectando tudo através dos nossos olhos, que já foram de tantas cores, que sempre mudaram á medida dos meus sonhos, sonhos que muitas vezes se tornaram realidade, outros não tanto. Sim, hoje posso recordar o que tanto sonhei, como se na palma das minhas mãos, tantos sonhos se esvaíram, nas palmas das minhas mãos acabam por permanecer os sonhos que cabiam no seu tamanho, porque os sonhos podem ser infinitos ou do tamanho da minha mão, valem o mesmo, apenas usufruo a possibilidade de os construir e viver. É  por aí, conseguindo ou não fecha-los na única saída que o meu ser mais deseja, envolver-me no meu sonho e voar até porto seguro, onde o sonho aí termine o seu percurso, levando-me de volta ao sonho do meu tamanho, onde aí o resultado depende apenas de me levar de volta aquela porta que há tanto me recuso ultrapassar, por recear que do outro lado existam muitas outras para bater e parar. No outro lado da porta, acabo por realizar que estamos sempre todos ligados, ultrapassando todos, as portas que insistem em aparecer  para nos separar. Os meus olhos escondem sempre tudo o que descobrem por detrás daquelas portas, olhos que me ajudam a encontrar novamente os sonhos que quero continuar a viver, e que continuam do meu tamanho!

sexta-feira, 20 de março de 2015

Por linhas tortas!



Dêem-me tempo, estou sempre a exigir mais tempo, dêem-me tempo digo uma vez mais, porque com esse mais tempo vou finalmente conseguir tudo aquilo que até agora não consegui atingir. Talvez porque tenha a certeza, que perco muito tempo desperdiçando tanta coisa que sei que nunca me devolverá o tempo perdido, e
sei que tudo aquilo que desperdiço, sempre esteve tão perto, á mão de semear, sendo que os bons tempos acabam por surgir por linhas tortas, como é costume. A eterna tendência de adiar o viver, no fundo sabendo que os momentos em que encontro tranquilidade no meu ser, são aqueles que mais desejo que perdurem, descobri que aquela obsessão por colocar cada coisa no seu lugar, cada tema no seu momento, ao colocar cada palavra no seu tom, não se pode tornar no prémio de um ser em desordem, mas antes a forma mais simples e directa, de desejar entender os temas sensíveis duma forma racional, algo que realizo impossível de atingir, embora entenda sempre, que uma boa cabeça e um coração aberto, de certo formarão uma combinação formidável. É isso, quero mais tempo para agarrar tudo aquilo que vejo me escapar entre as mãos, talvez porque os modelos que criei, são sempre diferentes das cópias que inventei, porque continuo a procurar a beleza na perfeição, quando ela se vai descobrindo nos pormenores, nos detalhes, nas imperfeições.

terça-feira, 17 de março de 2015

Meio século!



Meio século vivido, outro virá, o tempo condiciona tudo, vivemos na ditadura que ele designou, não o podemos contrariar, eu sei que há muito escrito e designado, apenas o pretendo continuar a disfarçar. Cinquenta já vividos, outros virão, porque esse tempo já vivido e recebido. Tirar melhor partido porque sei agora, que o tempo que passou o tempo o levou, existem os momentos do tempo, existe o que penso do tempo, talvez o importante seja aprender a viver os momentos, sabendo que se esgotam neles próprios. Quero apenas dar um sentido á minha viagem, aprendi que apenas as montanhas e os rios duram para sempre, sei que tudo está previamente estabelecido, resta-me apenas aproveitar o prazo de validade definido á partida, como se no deserto que atravessei nada tivesse ficado para trás, que o que deixei de mim para trás, me ajudará na beleza que pretendo descobrir. Já descobri ser tantos e no final encontro-me sempre a mim, escapo-me sempre de mim, talvez porque na procura da beleza todos os cuidados são insuficientes, como se ao a tentar controlar me escapasse entre os dedos,nos cinquenta que se me apresentam, descubro que quero voltar a encontrar-me, como se tornasse numa urgência, ultrapassar os obstáculos estabelecidos para a meta, que nunca saberei quando chegada, a certeza de que a beleza vive da vida e de mais nada, encontra-se e alimenta-se na liberdade, a beleza não tem regras!


sexta-feira, 13 de março de 2015

Aquela frase!



Há sempre uma frase por escrever, existirá sempre um frase que junte varias coisas separadas, os meus olhos acabam por esconder, tudo o que o que descobrem por trás dela! Quando corro a olhar para trás, há procura daquela frase por escrever, é como se tentasse escapar ao que mais temo, como se continuasse a arriscar tropeçar em cada passo. Nas várias coisas separadas que não consigo juntar numa frase, existe também o medo de não a terminar. Não se alargam nossos horizontes, se continuarmos presos às poltronas de onde nos vamos habituando a sentar. Acordo todos os dias com as lembranças dos meus sonhos, nesses normalmente consigo vencer os medos, nesses sonhos que projecto para os meus dias, consigo sempre tornar-me no meu herói. Ontem adormeci a tentar continuar o sonho anterior, o sonho tornou-se noutro, consegui acabar a frase que pensava antes nunca conseguir. De todos os sonhos, das frases nunca acabadas, ficaram três coisas, a certeza que as frases não se acabam mas antes se começam, a certeza de que só continuando a frase alguma vez terminará, e a certeza de que serei várias vezes interrompido antes de a poder terminar! Como se tornasse numa obrigação, fazer da interrupção um caminho a percorrer, do sonho uma ponte, da queda apenas um novo passo de dança, na certeza de que só quem se mostra e se expõe, algum dia acabará por se encontrar!

segunda-feira, 9 de março de 2015

A pergunta!



O amor tem muitas formas de se manifestar, mas em todas essas formas, a verdade tem que estar lá, o respeito tem que estar lá. O amor é como um animal, que na sua forma selvagem, consegue chegar até nós e ocupar-nos todo o nosso corpo, daí um pulo, e ocupa toda a nossa vida. No fundo, deveria ser um direito do homem saber escolher o melhor do amor, apenas reparo que ao homem não foi dada essa qualidade, ao homem apenas é dada a alternativa de sentir o momento, ele não tem a capacidade de prever o que lhe acontecerá mais tarde, apenas actua e se programa através do que vive no momento, daí reage através do que para si é verdade, sentindo aquele amor, sentindo a justeza do amor de acordo com o timing daquele momento. Essa possibilidade ínfima de poder acontecer, encontrarem-se no mesmo estágio, no timing igual, é algo muito raro de acontecer, ao invés, amar demais, em tempos errados, como se de um sorteio se tratasse, torna-se um jogo corrente. Acabo por perceber quão errado estou quando ás expectativas criadas, talvez o amor seja apenas e só, encontra-lo antes em mim, descobrir talvez, que tudo começa na primeira etapa, quase nunca explorada, amar quem você é em primeiro lugar, depois, que venha a soma….. Quando me resolvi amar de verdade, pude perceber que todas as minhas angústias e dúvidas, não passavam de um sinal que continuava correndo contra todas as minhas verdades, como se no final, nada restasse para além da lembrança, de que tudo se tinha iniciado com uma pergunta esperando ser respondida!