Ao passar
naquela praia lendo o letreiro que diz, “para quem navega sem rumo, não há
ventos favoráveis,” sou forçado a chegar a inúmeras conclusões, como se essa
verdade tão característica dos homens do mar, se adaptasse duma forma eloquente
ao meu percurso. Sem vento pelas costas não é possível navegar, embora
navegando sem rumo, mesmo com vento pela retaguarda, o resultado não é melhor,
o barco ruma mas sem destino, como se o tempo navegado fosse tempo perdido! Há
uma forma de me decidir a compreender os caminhos que se apresentam, como se de
uma equação se tratasse. Nas encruzilhadas que me são apresentadas, tenho o
poder de escolha, mas também o poder de negar o óbvio. Só é possível quando a
clareza da escolha não me oferece dúvidas, se tenho o vento pela retaguarda, o
rumo traçado, a bússola indicando-me a direcção correcta, ninguém duvida que a
minha navegação terá resultados favoráveis. Será assim? Talvez. Terei a certeza
no final do percurso? Talvez não. Ao invés, talvez antes prefira, parar em cada
porto, gozar o que me é oferecido, ajustar novamente a bússola, partir para
nova viagem, curta, mas preenchida!
quarta-feira, 26 de setembro de 2018
segunda-feira, 24 de setembro de 2018
O motor em marcha!
Começar é
sempre o mais difícil, livrar-me das minhas resistências, das minhas eternas
dúvidas,torna-se na empreitada mais trabalhosa. Fazer com que aconteça, colocar o motor em marcha é sempre a melhor
solução, porque quando já em cruzeiro, tudo é colocado no seu devido lugar! Eu
sou como um motor, quando parado torno-me frio, torno-me amorfo, fico sem cor,
em marcha revigoro-me, alimento-me da minha própria energia, prefiro-me quando
em rotação máxima. Há muitas maneiras de começar, imensas para acabar, só o
descubro quando coloco o meu motor em marcha. Quando o motor me inspira para
inovar, é porque consegui engrenar a mudança certa. Inovar, tal como criar,
coloca-me na posição mais ambicionada, motiva-me, deixo de ser prisioneiro de
mim próprio, encontro finalmente aquele pequeno momento em que me esqueço de
mim! Quando em marcha, esqueço que antes não queria começar, talvez porque antes
estava prisioneiro das minhas vozes, daquelas que me diziam quão difícil é começar.
Feliz é aquele, que embora ouça muitas vozes, acaba por escolher aquela tímida que lhe
sussurra ao ouvido e lhe diz, começa, tens a vida toda pela frente!
sábado, 22 de setembro de 2018
sexta-feira, 21 de setembro de 2018
As palavras!
Às palavras
gastas proponho uma trégua, como se comunicar fosse uma segunda escolha, não
tenho de gastar palavras para conseguir comunicar, muitas vezes o olhar chega.
Quanto mais íntima é a relação, menos necessárias são as palavras, como se tornasse
evidente o conseguir dizer muitas coisas sem falar. No recato da minha ignorância,
vive a velha esperança de que serei melhor comunicador, quanto mais inteligente
for no uso das palavras, como se não existissem tantas outras formas de
comunicar! Se estiver isolado numa ilha, deixo de comunicar? Não, arranjo
outras formas de comunicar que não apenas o uso das palavras. Muitas vezes
quero exprimir por palavras, os sentimentos que sinto por alguém, e não
encontro eco nas palavras, como se fossem gastas, como se fossem curtas.
Escrever pode ser uma óptima desculpa para quem ainda não perdeu a esperança de melhor usar as palavras!
quarta-feira, 19 de setembro de 2018
A substãncia!
Sou sempre
apanhado na curva, é um facto, tornou-se mesmo num padrão, quando menos espero,
quando estou a mil, zás, lá está a vida a pregar-me uma rasteira, fico fulo,
mesmo, não gosto de ser apanhado na curva, já tinha tantos planos em vista, já
tinha cavalgado em tantos sonhos, idealizado tantas coisas boas, e como de
propósito, lá vem mais uma chamada de atenção. Nos meus mais loucos
pensamentos, naqueles em que entendo que a resolução do mundo passa pela troca
constante dos alívios, das mudanças preventivas, vejo-me a procurar aquele
momento no recato do meu silêncio, acho até que quando começam a acontecer, as
mudanças, são um estorvo para a minha tranquilidade. As mudanças que realmente
importam, aquelas que têm verdadeiramente significado, são aquelas que se operam
no nosso interior! Muitas mudanças acontecem na minha vida, é mesmo uma
constante do meu percurso, são boas quando já acontecidas, custam muito quando
começam a acontecer, mas só têm real significado quando as vejo a acontecer na
minha essência, como se o verdadeiro propósito de acontecerem no exterior é
terem eco na substancia.
quinta-feira, 6 de setembro de 2018
A estrada!
A estrada que
me é apresentada, é tão só uma forma de me mostrar o caminho directo. Posso
tornear a estrada, escolher imensas alternativas de caminho, posso até andar
para trás ou para o lado, mas enquanto não seguir a estrada, o caminho não se
conclui. Por vezes deparo-me com várias estradas em simultâneo, qual delas
escolho é a questão, se calhar várias em simultâneo, até porque sendo tudo tão
finito, melhor não ter apenas uma como opção. Tudo isto para perceber quão
pouco aprendi acerca da leitura dos sinais, sinais esses que tão escondidos
estão, invariavelmente me mostram o caminho algo distorcido. Sou decidido e
quando percebo, já estou envolvido, entregando-me aos ruídos que penso serem
sinais. Existe muito ruído por aí, muito dele fabricado em mim, e dos ruídos
que penso serem sinais, encontro sempre a pior forma, torneando a estrada
seguindo por outro caminho. Criar é uma óptima desculpa para quando perco a
esperança, até porque quando se me apresentam várias estradas para seguir, só o
sinal que já não é ruído, me pode dar a luz necessária para prosseguir no rumo
certo! Os sinais, já despoluídos de ruído, são apenas aquela forma de saber bem
escolher, até porque dentro das várias sombras que se me apresentam, muitas
delas disfarçadas de luz natural, poucas são as que produzem sinais sem ruído!
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