O outono é
como aquela estrada que ninguém quer percorrer, como se todos preferíssemos antes
o sol, o calor, preferíssemos caminhar pela estrada mais quente, ao invés da
estrada onde as folhas caiem, os dias são mais curtos, a luz parecendo que se
escondeu algures atrás dum planeta distante. O vento cortante do outono,
traz-me vontade de recolher, como se, apenas na concha me sentisse confortável.
O outono passa por mim, tenho dificuldade em lhe dar de troca, como se em
troca, passasse por ele sem o ver. Nesse momento, alguém me chama, prefiro não
ouvir, como animal envelhecido procurando o calor, busco a certeza de que o
outono, passará tão depressa quanto a minha vontade de o esquecer! Talvez o
outono mereça ser contemplado, não é em vão que aceita ser relegado para
segundo plano, e aceita o seu cinzentismo. Tal como o outono, também me
arrefeço por estas alturas, como se me estivesse a preparar para novas
aventuras. O momento do encontro, aparece sempre quando menos espero, quando já
aquecido, decido dar as mãos aos afectos, aos bons ventos do diálogo, até
porque no outono, é a solidão que toma conta de mim, porque na desordem em que
caí, apenas a estrada do calor, me levará ao ponto do meu encontro!
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