O ovo e a galinha...

Descobrir consolo quando finalmente percebes que nada mais tens a provar, nada mais para alcançar, ninguém mais para conquistar, pode ser visto eventualmente como o fim da linha, ou talvez não, nunca saberei ao certo se a linha determina o final ou porventura o começo, talvez essa não seja a questão, como pouco importante será decidir se sou afinal produto das circunstancias ou das minha decisões, a eterna questão do ovo ou da galinha ainda não foi sequer descoberta pela humanidade e ando eu por aqui a fazer perguntas incómodas, até porque todos sabemos que a galinha há muito que tem a resposta...

O buraco da agulha...

Num mundo tão desarrumado, em que se tornou tão penoso decifrar com êxito o certo do errado, já nem a alternativa fugir entre os pingos da chuva se me afigura como uma solução, a linha tornou-se muito ténue, confunde-me cada vez que a tento decifrar, tentar passar entre o buraco da agulha também se tornou numa tarefa algo inglória, a agulha virou alfinete, fechou-se, baralhou-se ela própria com tanta parecença, haverá sempre, creio eu, a derradeira alternativa, a válvula de escape que nos remete para aquela única  competência que nos permite voltar a encontrar a essência, essa nunca nos foge... 

 

No limite...

Quando percebes que seja lá o que me encontro a procurar, raramente ou nunca aparece como o idealizava...
Mesmo que no limite tivesse o poder de voltar atrás, dificilmente acabaria naquele lugar para recordar...

Ele há coisas...

Há uma outra forma de ver a coisa, nem sempre olhar para o passado é a melhor forma de evitarmos erros no futuro, até porque na altura decerto estávamos a fazer a mesmíssima coisa....😏
 

A lâmpada...

No meio de tantas que se vão apagando, só desejo que uma se mantenha acesa, não precisa ser a dos desejos, basta ter instantes, de preferencia sem limites...

A escrita

Aquele momento em que consegues escrever aquilo que consideras muito, usando o mínimo de palavras, será porventura a forma perfeita de definir o que é para ti a escrita...

Voltar diariamente à escrita é como retomar o namoro que ontem foi tão difícil largar... 

Tão simples...

De cor em cor, de movimento em movimento, ouço o canto dos pássaros e lá longe a dança das borboletas, a beleza da natureza sente-se, vê-se nos pequenos detalhes, manifesta-se de tantas formas mas só o meu olhar sem olhos a consegue apreciar.
 

As gotas que fazem o rio...

Mesmo que a seca pareça para sempre perdurar, é gota após gota que vou saciando a minha sede, de longe vejo a grandeza do rio, parece enorme, de facto é, mas é na junção de todas aquelas pequenas gotas que de facto presencio a sua imensidão...

Sem batota...

Não há dia em que não suba a montanha, não há dia em que não sinta raiva por me ver no sopé, miro-me e o espelho não engana, as marcas do sobe e desce estão lá, pudesse eu voar e talvez tudo mudasse, mas porventura tal pareceria batota, seria como começar o filme pelo fim, talvez um filme sem história, sem verdade, talvez seja esse o segredo, impedir que o jogo acabe numa batota...
 

O porto de abrigo...

Nada mais marcante do que a realidade, umas vezes crua, outras vezes embalada em papel dourado, somos humanos, somos indefesos, todos, os que vão e os que ficam, esse será sempre um mistério para uns, porventura o milagre e sua expressão finita da vida para outros, uma destas conclusões poderá ser o meu porto de abrigo, assim o milagre o permita...

A magia das ondas!

Há algo de mágico nas ondas do mar, algumas conquistam-nos pela sua beleza, outras atemorizam-nos tal a sua força e esplendor, outras até nos parecem indiferentes tal a sua tranquilidade, todas têm o seu ritmo e uma inexplicável sincronia, às vezes parece que as compreendo, mas apenas e só naquele instante, é a hora de partir, outra vem em meu socorro...
 

Seguindo o som do vento!

Não és a floresta, nem sequer apenas aquela árvore entre muitas, és mais que isso, as rugas comprovam-no, um dia nasceste semente, noutro dia cresces e ofereces-te como sombra, até permites que naquela noite alguém repouse em ti e aprecie o luar, momentos tão diferentes dizem as minhas rugas, apenas as que guardaram a arte de seguir o som do vento, este que tanto se ouve e nunca se deixa ver, ou talvez as rugas sejam apenas uma miragem que o som do vento nunca apanhou...

Os muros!

Os muros podem ser grandes, altos e até compridos, mas creio que os maiores serão porventura aqueles que vou superando diariamente dentro de mim, esses não têm palco, a esses ninguém assiste, nem sequer aplaude, não há nada para aplaudir, apenas a minha teimosia para os ultrapassar....  

E há aqueles momentos...

E há aqueles momentos em que as palavras dizem pouco, em que só o olhar basta, onde tudo o que antes tivesse  sido dito seria apenas uma mera interpretação...
 

Há sempre uma escolha...

Não há nada de novo no mar, talvez até nem haja nada de novo no céu ou talvez sejam apenas os meus fantasmas sempre à procura duma mudança que não está nem num lugar nem noutro, talvez a mudança seja apenas uma escolha, porventura um caminho, ou talvez tudo dependa apenas do meu olhar...
 

Outros tempos...

Longe vão os tempos em que deixava os locais, as pessoas, os projectos pensando assim que os abandonara, como se a vida fosse uma linha reta sem retorno, os locais não tivessem raízes, as pessoas não deixassem lembranças...
 

Uma vida demasiado ocupada...

Conseguir conciliar o lado racional e o emocional duma forma equitativa ao longo duma vida será talvez o segredo para uma vida feliz e de sucesso, saber usa-las em momentos diferentes sem as confundir será porventura a conquista da perfeição, talvez não seja esse o desígnio, talvez a nossa condição humana seja mesmo essa, percebermos que somos de carne e osso e o facto de não termos recebido à nascença um qualquer manual de etiqueta ou procedimentos talvez tenha sido uma benção, ou talvez a benção comece quando aprendemos que não queremos mais sentir o vazio nas nossas vidas tão ocupadas...

O céu hoje destapou...

Obrigado por hoje me destaparem o céu, o sol é como aquela overdose de vitamina D que nos entra na pele, nos carrega de energia e nos coloca de novo a funcionar, de alguma forma somos todos como as plantas, a chuva sacia-nos, o sol alimenta-nos e o calor traz-nos o conforto que tanto apreciamos!
 

O destino!

O destino às vezes insiste, seja na forma de sentimento, seja através daqueles desejos ou projeções não conseguidas em devido tempo e que voltam à nossa vida quando menos esperamos, o destino não é neutro, bem tento fugir-lhe mas é muito mais hábil que eu e apanha-me sempre na esquina mais próxima, o destino também são as minhas memórias e tudo o que com elas decido fazer...
 

É só uma dúvida...

Não sei se uma alma resiste a um ser racional mas do contrário já tenho sérias dúvidas...
 

O oeste é diferente...

O final do dia no oeste é diferente, o luar é diferente, só acredita quem lá vive ou já passou, é um frio que nos traz calor ou talvez aquele calor que nos traz calafrios, ao longe parece-me ouvir o mar, aqui bem perto ouço a coruja cantando, ficam poucas explicações para dar, não são válidas as explicações, o vento, o mar e a terra há muito que o tentaram, no oeste ainda não o conseguiram...
 

A Oeste...

Dizem que a Oeste nada de novo, que os ventos do norte sopram sempre para sul, que estes sopram quentes e trazem poeira do Magrebe, que de leste nem bom vento nem bom casamento, há quem em nada disto acredite ou eventualmente serão estes que dizemos viverem sempre na Lua, ou não, talvez tudo isto não passe de ruído das vozes que habitam na minha cabeça e porventura acreditemos que os Marcianos sempre existiram, é possível, quem sabe se eles realmente não andam por aí, uma coisa é certa, em Marte não me parece, nunca os vi por lá, nem no café central...
 

Um livro à cabeceira...

Até acho que uma boa forma de iludir a solidão será sempre ter um livro à cabeceira, a questão é quando livro fala e a minha alma não responde...
 

A melhor parte...

Quando acabo de ler um romance fico sempre com aquela secreta ideia de que a melhor parte da obra o autor decidiu apaga-la e guardou-a para si mesmo, talvez por timidez ou avareza, ou simplesmente porque a melhor parte só a partilha consigo mesmo...
 

A gente acostuma-se...

Tantas são as estradas por mim percorridas, erradas foram muitas, outras tantas certas, a gente acostuma-se a elas, mais às erradas, até porque essas deixam lastro, as certas têm aquela tendencia estranha de parecerem sempre mais curtas...
 

Ou não...

Quando nasci tudo estava feito, quando partir feito estará, a questão é o que faço, fiz ou farei no entretanto...

Tantas são as formas!

Tantas são as formas, tantos os contornos, mas só no eco do silencio sinto a voz que me tranquiliza, tantas horas gastas mas sempre sabendo que o doce só me contentaria caso não fosse pela metade!

O carteiro!

Há uma certeza que sempre me deixa sérias dúvidas, se é o carteiro ou sou eu que define o meu destino...

A diferença entre mim e o carteiro é que ele raramente se ausenta...

As minhas certezas!

As minhas certezas deixam-me cheio de dúvidas quando nelas passo a acreditar...

As perguntas!

Cresci fazendo perguntas, na maior parte do tempo sem as expressar, mais tarde entendi que há respostas que só uma criança as consegue verbalizar...

Um instante!

Só após o instante vivido sei se me doeu ou se acabei por me transformar, aquele durante foi apenas o tempo por mim a passar!

Se eu soubesse...!

Se eu soubesse que para ganhar o muito teria antes de perder algo ou muito mais, teria começado mais cedo...😉

A boa leitura!

Solidão nunca será solidão desde que rodeado de boa leitura!

O silencio!

Hoje fui apanhado, descobri afinal que o silencio se confunde com um amparo!

Os espinhos!

Às vezes dou por mim a pensar qual o defeito maior que facilmente prescindiria, acabo sempre por concluir que talvez não fosse boa ideia, até a mais bonita das rosas tem sempre um espinho a protege-la...

O Rio!

Escolher ser o rio que flui onde a água permanece límpida, ou o pântano, lugar onde a água sempre parada torna-se imprópria para consumo, essa será sempre a minha melhor escolha de vida!🙏

A Lua!

Anda o homem em busca da Lua e tanto da Terra ainda por desvendar!

De alguma forma todos somos quanto a Lua, tal como ela também vivemos de fase em fase!

Os temas!

Não há nada mais assustador quando me sento entre amigos e as memórias são o tema, como se me tivesse tornado igual para sempre...

"NÃO"

Talvez uma outra forma de definir felicidade comece quando permito que a palavra "não" passe a ser obrigatória no meu modus operandi..

A felicidade...!

Talvez só haja uma forma de definir felicidade, talvez comece por quantificar o nível alto ou baixo da minha luz interior..

A felicidade!

Nada mais simples para definir a felicidade, resume-se ao grau de intensidade da minha luz interior..

As aparências...

E assim se fez luz, ou não, escuridão será sempre ausência de luz ou vice versa, embora por vezes as aparências nos iludam..

"Apapachar"

Há um termo muito usado na América Latina "Apapachar" que significa abraçar com alma, transcende de alguma forma o gesto físico e caracteriza aquele momento de união em algo muito mais profundo.

Um abraço poderá ser um momento único de união, um momento único para celebrar uma saudade ou apenas um gesto de cortesia.. 

Talvez....

Houve um tempo em que tudo vinha, agora parece que tudo se vai, como se cada instante me exigisse de volta o tempo vivido, não, não sou o que passei, muito menos o que virá, talvez neste instante...

Aqueles dias!

Há os dias e há também aqueles em que o cheiro da terra te invade, te lembra e te transporta para aqueles lugares sadios onde só o som do vento na floresta era o bastante... 

Procurar a luz por detrás da lua será porventura demasiado para quem o consegue facilmente no virar de cada  esquina!

As raízes!

Cada vez que me deito para dormir a noite transforma-se num parágrafo para logo outro começar...

O mistério de escrever uma crónica, uma história, um livro, baseia-se em quantificar quantas ideias apanhas, quantas boas deixas escapar...

É difícil esquecer os lugares onde fui feliz, até porque nunca me vim embora, por lá deixei raízes, memórias, histórias que por lá ficaram...

O sinal de alerta!

Assusto-me quando constato que deixei de me surpreender, quando me vejo igual àquele tempo em que pensava como ontem, em que me vejo igual ao que sempre fui, esse transformou-se o meu sinal de alerta, não deixar que o tempo tenha feito o luto sem antes me ter avisado... 

"A vida"

Escrever poderá ser sempre a melhor desculpa para quem ainda nunca perdeu a esperança, mesmo quando "a vida" te distrai e te quer convencer que o importante é pedires desculpa, por continuares a ter  esperança!