Posso sempre escolher ser actor ou espectador, em
ambas continuo espectador, seja do que vivo seja do que observo. Por isso, vou
mantendo aquele silencio ensurdecedor, enquanto decido apertar as mãos ao actor
que convido novamente a voltar. Como espectador, vou percebendo que o tempo de
hoje não vai ser o mesmo tempo de amanhã, porque o tempo sempre me ensina que o
tempo de amanhã não existe. Naquele tempo, naquele teatro do Mundo, que há
muito vem sendo explorado, tanto na sua forma, na sua alma ou no seu corpo,
aparece-me como sendo apenas um intruso. Deparo que no mesmo bairro onde há
tanto tempo sobrevivo, umas das trágicas coisas que vou percebendo na nossa
natureza humana, é que todos nós temos aquela eterna tendência para adiar o viver.
Vamos sonhando com um jardim mágico de rosas, sempre debaixo do nosso
horizonte, ao invés de podermos desfrutar das rosas que vão florescendo em
redor das janelas de nossos quartos. Realizo que o grande teatro do Mundo, bem
pode esperar lá fora, porque o verdadeiro teatro já se encontra há muito, em
meu redor, na minha presença, bem dentro de mim!terça-feira, 22 de setembro de 2015
sábado, 19 de setembro de 2015
Aquelas tardes de Domingo.....
É muito comum, lembrarmos com saudade o tempo que
ficou, seja com a nostalgia desse mesmo passado, seja através das lembranças,
invariavelmente boas, mesmo que esse passado nos tenha corrido menos bem. Como
se o tempo tivesse passado, e apenas tivesse permanecido em mim, as lembranças
das jovens tarde de Domingo, ou as tantas alegrias dos velhos tempos naquele
Outono distante. Hoje lembro com saudade, a alegria contagiante que sentia na
minha adolescência, aquela ilusão permanente que poderia transformar o Mundo,
esse Mundo que estava aí para o conquistar. Lembro-me como se tivesse acontecido
ontem. Aquela estranha sensação, de sentir muitas vezes, de que o tempo não
passou, apenas eu passei por ele. Vem a propósito de uma obra, de um livro de
que acabei de escrever. A história, é apenas ficção, não tem a ver, ou não
tem qualquer semelhança com a minha
vida, nem se trata mesmo de que como idealizaria a minha vida, ou de como a projectaria,
mas apenas uma história, que no fundo é uma viagem de alguém, e que escrita em
trezentas páginas, encerra um percurso. E a pergunta é, nessa história, escrita
por mim, que nessa lógica passou por mim, foi concebida e terminada em mim, tem
a ver comigo? Não, nada, apenas fui um veículo, embora muitos que a leiam,
a possam associar á minha vida. Engraçado como ao descrever a viagem dessa
personagem, fui em simultâneo fazendo uma viagem ao meu passado. E está lá
tudo, a história encarregou-se de o guardar, não é possível apaga-lo e voltar a
reescreve-lo. E tal como me parece que esse passado, continua sempre presente,
assim constato que de facto o tempo não passou por mim, apenas eu fui passando por ele!
quinta-feira, 17 de setembro de 2015
Não há outra forma de dizer...
Não há outra forma de dizer, resgatar a minha
vida, resgatando o que perdi, como se numa viela se tivesse perdido, numa viela
que pensava avenida. Ora, retomado o
caminho, na viela que pensava avenida, vejo o caminho com mais clareza do que
nunca. É bom ser gente quando se entende o que é ser gente, seja gente de vida
cheia, seja gente de vida vazia. Melhor quando o caminho que vislumbro está
limpo, é nesse momento que tudo recomeça, que está a caminho de novo rumo,
porque antes muito vazio. Vazio, é como se estivesse no ponto, assim entendo
que estou preparado para mais receber. Não há outra forma de dizer, sempre nos
dizem que somos os autores das nossas vidas, se isso é verdade, porque tantas
pessoas aparecem nas nossas vidas, e nos alugam os nossos pensamentos, ou nos
roubam nossos corações? Não há outra forma de dizer, quanto mais autor sou do
meu caminho, mais entendo que as encruzilhadas são muitas e complexas, constato que mais vale
nada saber, e deixar o curso do rio levar-me fazendo assim o meu caminho!
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