sábado, 19 de setembro de 2015

Aquelas tardes de Domingo.....



É muito comum, lembrarmos com saudade o tempo que ficou, seja com a nostalgia desse mesmo passado, seja através das lembranças, invariavelmente boas, mesmo que esse passado nos tenha corrido menos bem. Como se o tempo tivesse passado, e apenas tivesse permanecido em mim, as lembranças das jovens tarde de Domingo, ou as tantas alegrias dos velhos tempos naquele Outono distante. Hoje lembro com saudade, a alegria contagiante que sentia na minha adolescência, aquela ilusão permanente que poderia transformar o Mundo, esse Mundo que estava aí para o conquistar. Lembro-me como se tivesse acontecido ontem. Aquela estranha sensação, de sentir muitas vezes, de que o tempo não passou, apenas eu passei por ele. Vem a propósito de uma obra, de um livro de que acabei de escrever. A história, é apenas ficção, não tem a ver, ou não tem  qualquer semelhança com a minha vida, nem se trata mesmo de que como idealizaria a minha vida, ou de como a projectaria, mas apenas uma história, que no fundo é uma viagem de alguém, e que escrita em trezentas páginas, encerra um percurso. E a pergunta é, nessa história, escrita por mim, que nessa lógica passou por mim, foi concebida e terminada em mim, tem a ver comigo? Não, nada, apenas fui um veículo, embora muitos que a leiam, a possam associar á minha vida. Engraçado como ao descrever a viagem dessa personagem, fui em simultâneo fazendo uma viagem ao meu passado. E está lá tudo, a história encarregou-se de o guardar, não é possível apaga-lo e voltar a reescreve-lo. E tal como me parece que esse passado, continua sempre presente, assim constato que de facto o tempo não passou por mim, apenas eu fui passando por ele!

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