Dêem-me
tempo, estou sempre a exigir mais tempo, dêem-me tempo digo uma vez mais,
porque com esse mais tempo vou finalmente conseguir tudo aquilo que até agora
não consegui atingir. Talvez porque tenha a certeza, que perco muito tempo
desperdiçando tanta coisa que sei que nunca me devolverá o tempo perdido, e
sei que tudo aquilo que desperdiço, sempre esteve tão perto, á mão de
semear, sendo que os bons tempos acabam por surgir por linhas tortas, como é
costume. A eterna tendência de adiar o viver, no fundo sabendo que os momentos
em que encontro tranquilidade no meu ser, são aqueles que mais desejo que
perdurem, descobri que aquela obsessão por colocar cada coisa no seu lugar,
cada tema no seu momento, ao colocar cada palavra no seu tom, não se pode
tornar no prémio de um ser em desordem, mas antes a forma mais simples e
directa, de desejar entender os temas sensíveis duma forma racional, algo que
realizo impossível de atingir, embora entenda sempre, que uma boa cabeça e um
coração aberto, de certo formarão uma combinação formidável. É isso, quero mais
tempo para agarrar tudo aquilo que vejo me escapar entre as mãos, talvez porque
os modelos que criei, são sempre diferentes das cópias que inventei, porque
continuo a procurar a beleza na perfeição, quando ela se vai descobrindo nos
pormenores, nos detalhes, nas imperfeições.
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