Meio século vivido,
outro virá, o tempo condiciona tudo, vivemos na ditadura que ele designou, não
o podemos contrariar, eu sei que há muito escrito e designado, apenas o pretendo continuar
a disfarçar. Cinquenta já vividos, outros virão, porque esse tempo já vivido e
recebido. Tirar melhor partido porque sei agora, que o tempo que passou o tempo
o levou, existem os momentos do tempo, existe o que penso do tempo, talvez o importante seja aprender
a viver os momentos, sabendo que se esgotam neles próprios. Quero apenas dar um
sentido á minha viagem, aprendi que apenas as montanhas e os rios duram para sempre,
sei que tudo está previamente estabelecido, resta-me apenas aproveitar o prazo
de validade definido á partida, como se no deserto que atravessei nada tivesse
ficado para trás, que o que deixei de mim para trás, me ajudará na beleza
que pretendo descobrir. Já descobri ser tantos e no final encontro-me sempre a mim, escapo-me sempre de mim, talvez porque na procura da beleza todos os
cuidados são insuficientes, como se ao a tentar controlar me escapasse entre os dedos,nos cinquenta que se me apresentam, descubro que
quero voltar a encontrar-me, como se tornasse numa urgência, ultrapassar os
obstáculos estabelecidos para a meta, que nunca saberei quando chegada, a certeza de que a beleza vive
da vida e de mais nada, encontra-se e alimenta-se na liberdade, a beleza não tem regras!
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