Suzete, era o seu nome, olhe que mudou-lhe as fraldas,
dizia-me a minha Mãe, terá sido, não me lembro, difícil relembrar-me, foi há
tanto tempo, desde lá, tantas fraldas me foram mudadas, tantas fraldas mudei,
agora mais fácil, tudo descartável, entrámos na época do descartável, perigoso,
quando tudo para nós se torna descartável, perdemo-nos quando tudo descartamos,
com a força, com a embalagem que levamos, acabamos até por nos descartar a nós, aí ficamos
em zonas perigosas, temos que rapidamente fazer marcha atrás, voltarmos para o nosso porto seguro,
Suzete,
tão leal, tão atenta, tão cuidadosa, lembro-me bem, na fábrica, deixou as lides
caseiras, voou para a nossa fábrica, para ir trabalhar com os meninos, ai de
quem dissesse ou fizesse mal aos meninos, ninguém a queria ver com os azeites,
sempre cuidadosa, vá meninos venham almoçar, hoje fiz-vos o prato que adoram,
lulas guisadas, com arroz branco, deliciosos os almoços que Suzete nos
confeccionava, aquelas mousses de chocolate, sempre cheia de nozes á mistura, o
bavaroise de ananás, de comer e chorar por mais, os mimos prós meninos, como
ela tantas vezes nos dizia, só para os meninos, doce de pessoa, doce de mulher,
sempre tão leal, um dia lá te encontraremos de novo, lá nos veremos outra vez,
de certeza que a pores a mesa do Céu em polvorosa, de certeza que S. Pedro não
te deixará voltar, esperto o S. Pedro, iria lá ele prescindir daqueles almoços,
daqueles jantares celestiais….
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