quarta-feira, 18 de julho de 2018

As rugas


Diz-se que as rugas são a prova de experiências para contar, como se sem elas não tivesse nada para acrescentar, ou será antes o vazio de existência que me inibe de o mostrar? O trilho faz-se muitas vezes pelo lado mais conveniente, até porque o cansaço não perdoa, talvez até porque quando se torna fácil, a vontade escasseia, o que sei, é que na tela que se pinta, se escreve muitas vezes o nosso ser mais escondido, aquele olhar muitas vezes disfarçado! O espelho mostra-me as rugas, sim, em cada uma está a marca do meu caminho, tantas vezes em sentido contrário, outras, seguindo os demais, poucas, buscando a solução! Em cada ruga mostrada, está tudo em que pouco me revejo, ou será antes a razão porque vezes sem conta, me desconsidero perante os outros? Não sei, também não é importante descobrir, o espelho pode estar partido, pode mostrar-me apenas um dos muitos lados obscuros da questão. O que descubro, o silêncio, aquele que me demonstra que cada ruga é um passo dado a caminho da solução, o silêncio é o meu companheiro mais fiel, sempre cumpriu o seu compromisso, nunca gozou férias, ou alguma vez pediu baixa, sempre mostrando a sua presença, nunca imposta, roubando tempo ao tempo desinteressante. A ruga que me mostra a sua presença, é mesmo aquela que não se envergonha de o demonstrar, a ruga mostra-me que o silencio muitas vezes se transforma em esperança, outras em alegria, quase sempre sem se erguer, apenas considera que aos demais, não lhes é pedido qualquer compromisso, até porque não sabem o seu significado, aos outros, que sigam o silêncio, sim, quase sempre debaixo de barulho ensurdecedor, até porque é com o contraditório que se lhe encontra mais valor!

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