Durante as
horas em que este verão, longo, que tarda em partir, coloquei-me perante o
dilema, mais do que tudo, prefiro o frio ou o calor? Gostava, já agora, que parecesse
sempre outono, como se no meio-termo, tivesse mais facilidade em me encontrar.
O outono, talvez me traga aquela melancolia que me prepara para a saudade que
tanto anseio manter. As saudades, tal como o outono, têm parecenças, ambas me
transportam para a ausência, ambas descendem de algo que sei ser impossível realizar, da luz que já foi, do inverno que se avizinha. No outono, encontro o equilíbrio,
os dias ainda têm aquela luz suficiente para me trazerem o sorriso de criança, daquela
criança que tarda em assumir-se adulta. De facto, existe alegria em qualquer fase
do nosso percurso de vida, da alegria inconsciente, imatura da idade jovem, até
aquela alegria que se limita a contentar-se em ter saúde, tudo isto após a
dieta e a mistura, do bom senso com a virtude. Acho que se tiver um pouco de
sorte, vou escolher abandonar a solidão, até porque na solidão, está o vazio,
não há festa. Do alto do meu lugar, deixo a solidão, para ser de novo quem deixei
de ser!
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