terça-feira, 23 de dezembro de 2014

O meu Natal!



O Natal marca uma data, um período, todos os anos o celebramos, algo que entrou naturalmente nos nossos hábitos, como se o ano não existisse, não fosse o mesmo, se não o celebrássemos. No Natal é suposto sermos solidários, essa é a condição subjacente a esse período. É talvez a altura do ano, em que mais nos damos aos outros, a quadra que se celebra, empurra-nos para isso. Recordo os Natais em que era mais novo, vivia-os intensamente, sentia a magia no ar. Como Pai, voltei a senti-lo através dos meus filhos. Era suposto o Natal sempre existir, dito de outra forma, era suposto a mesma solidariedade existir sempre, não só no período do Natal. Habituamo-nos ás datas, a seguir ao Natal vem o Carnaval, nesse período é suposto sermos alegres, oficialmente só nesse período, antes ou depois, já depende de muitos factores, de seguida a Pascoa, nesse período está previsto sermos comedidos, no Natal o nascimento, a alegria, na Pascoa a morte, a ressurreição, diz a data para aí sermos respeitadores. Daí até ás férias de verão é um pulo, até essa data chegar, programamos o período onde finalmente vamos descansar, nos vamos divertir, nessa altura, é suposto fazermos tudo o que não conseguimos ao longo do ano, é hora para o divertimento, é suposto aí divertirmo-nos, o período das férias a isso permite. Concluímos o ano com a passagem para o ano seguinte, onde é suposto saltarmos, divertirmo-nos, estar junto de quem mais gostamos, fazermos o balanço do ano que está a findar, fazermos as previsões para ano seguinte, sonhar com um ano cheio de acontecimentos felizes, de sonhos a cumprir. Descubro então que o ano passa a correr, vivo o ano a projectar-me para o período a seguir, estou sempre projectado na quadra seguinte, acabo por me perder na programação das datas, penso de acordo com a quadra, ou momento que se está a passar, no Natal não raciocino como se estivesse no período das férias, ou vice-versa, é estranho mas é a realidade, o meu pensamento está condicionado á época que estou a viver. Deparo que não sou solidário quando me era pedido, projecto a solidariedade para o Natal, aí é que deve ser o momento próprio, divertir-me durante o ano, não o devo fazer, está programado para acontecer só no período das férias, por aí fora, em diante. É pouco viver assim, constato que vivo condicionado, parece-me que vivida assim, a vida se mostra muito limitada. Entendo que me sinto realizado, mais feliz, quando me liberto destes condicionamentos, a vida sorri-me quando corto com estas amarras. Volto ao Natal, período em que sinto todo o mundo feliz e solidário, não interessa se só por esse período, é o tempo de cada um, realizo que vivo mais feliz, quando deixo o Natal, acontecer todos os dias, sinto-me mais humano, quando não condiciono o que sinto ou penso, só á quadra que estou a viver, descubro que o ano que vivo, pode ter datas, pode ter quadras, pode ter festejos, pode ter-me inteiro, ou apenas dividido, condicionado ao que se vive no exterior, ou apenas contente por saber que Natal, pode ser todo o ano!

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